? Enxaqueca (Migrânea): Definição e Impacto

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A enxaqueca (ou migrânea) é uma doença neurológica crônica e primária, caracterizada por ataques recorrentes de dor de cabeça moderada a grave, geralmente unilateral (em um lado da cabeça), latejante e que piora com a atividade física . Diferentemente de uma dor de cabeça tensional comum, a enxaqueca é acompanhada por outros sintomas incapacitantes, como náuseas, vômitos e hipersensibilidade à luz (fotofobia) e ao som (fonofobia). A condição tem um impacto significativo na qualidade de vida e na produtividade, sendo considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das principais causas de anos vividos com incapacidade, exigindo uma abordagem de tratamento que vá além do alívio da dor aguda.


? Indicações para Tratamento Preventivo (Profilaxia)

A decisão de iniciar um tratamento preventivo (profilático) é o ponto crucial no manejo da enxaqueca e é orientada por evidências da literatura médica. A profilaxia é indicada quando os ataques são frequentes, graves ou resultam em incapacidade significativa, mesmo com o tratamento agudo adequado. Geralmente, o critério de inclusão para profilaxia é a ocorrência de quatro ou mais dias de dor de cabeça por mês, ou oito ou mais dias totais de enxaqueca por mês. Outras indicações incluem enxaquecas com auras prolongadas ou muito perturbadoras e falha no tratamento agudo em fornecer alívio satisfatório, sendo o objetivo primário reduzir a frequência, a intensidade e a duração dos ataques.


? Tratamento Agudo (Abortivo) e Fatores de Decisão

O tratamento agudo (ou abortivo) é aquele utilizado no momento da crise para interromper a dor. A escolha do medicamento depende da intensidade do ataque. Para crises leves a moderadas, analgésicos comuns ou anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem ser suficientes. Para crises moderadas a graves, a classe medicamentosa de escolha são os triptanos (como o sumatriptano) e os gepantes (inibidores do CGRP), que agem diretamente nos mecanismos fisiopatológicos da enxaqueca. Um fator de decisão vital é a prevenção do uso excessivo de medicamentos agudos (MOH), que pode levar à enxaqueca crônica por abuso de medicamentos. A literatura médica recomenda limitar o uso de triptanos a dez dias por mês e de analgésicos simples a quinze dias por mês para evitar este risco.


? Opções de Tratamento Preventivo e Seguimento

O tratamento preventivo da enxaqueca é diversificado e deve ser individualizado. As classes de medicamentos tradicionais incluem certos betabloqueadores (como o propranolol), antidepressivos tricíclicos e anticonvulsivantes (como o topiramato), todos com eficácia comprovada. A inovação mais recente e com fortes evidências é o uso de anticorpos monoclonais anti-CGRP (como o erenumab), administrados por injeção mensal ou trimestral, que têm alta especificidade e menos efeitos colaterais. O seguimento ativo é essencial e exige a manutenção de um diário de dor de cabeça para monitorar a eficácia do tratamento profilático, que é considerado bem-sucedido se reduzir a frequência da enxaqueca em 50% ou mais após 2 a 3 meses. Além disso, a modificação de gatilhos ambientais e de estilo de vida complementam o manejo farmacológico.