Qual o melhor tratamento para Aneurisma Cerebral? REPLICA: TO CLIP OR NOT TO CLIP – AINDA É ESTA A QUESTÃO? UMA ANÁLISE DOS RESULTADOS DO SEGUIMENTO DE 10 ANOS DO BRAT (por Dr. Davi Solla Residente de Neurocirurgia do HC-USP )

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O texto do Davi Solla (click) foi um dos melhores textos que postamos aqui no blog nos últimos anos. Ele teve o trabalho de fazer uma analise critica minuciosa do trabalho BRAT ( estudo realizado no serviço do Barrow – maior centro de neurocirurgia vascular do mundo que esteve sob a chefia do Dr. Spetzler por décadas).

Não tenho nenhum questionamento ao trabalho e a postagem do Davi. Entretanto gostaria de trazer algumas reflexões na minha pratica neurocirúrgica.

Na minha prática neurocirúrgica recebo muito paciente com aneurisma cerebral e sempre converso sobre o melhor tratamento. A dúvida dos pacientes é  geralmente  por que eles ouvem muitas opniões divergentes.  Um aspecto que não é técnico mas sempre gosto de mencionar é que só recebo pelos procedimentos que eu faço (neurocirurgia) e não sou remunerado se o aneurisma for embolizado. Parece uma bobagem isso ( ou algo óbvio) mas isso influencia o pensamento de todo ser humano (inclusive o meu) e gosto de mencionar isso aos pacientes.

Outro aspecto que deixo claro é os trabalhos são divergentes. Sempre explico sobre o ISAT e o BRAT, dois estudos muito relevantes e que tiveram impacto na conduta médica. Para mim, a dificuldade é a validade externas desses trabalhos. O Dr. Spetzler ( Cirurgião do BRAT) e sua equipe de neurocirurgia vascular tem a mesma pericia que outros neurocirurgiões? Não consigo afirmar ou inferir se são melhores tecnicamente ou não mas é algo que sempre levo em conta na hora de interpretar um trabalho em neurocirurgia. Infelizmente, na neurocirurgia, sempre teremos essa limitação nos trabalhos científicos.

No meu dia-dia acabo indicando muito tratamento endovascular. Na minha análise critica da literatura atual, se for possível ser embolizado, sugiro que o paciente trate pela técnica endovascular.  Sempre entrego ou envio o link dos trabalho para os pacientes, guideline tem diretrizes simples e se o paciente souber ler inglês conseguira entender algumas duvidas que ainda temos hoje sobre esse tema.

Essa conduta ( de indicar embolização quando possível) não parece ser só minha mas uma tendência na maioria dos países do mundo. Inclusive a AANS (sociedade americana de Neurocirurgia) tem diversos trends demonstrando essa tendência.  (click) 

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E outros estudos de revisão demonstram essa tendência no mundo.  (Click)

ou Aneurysm treatment in Europe 2010: an internet survey.  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22527577 

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Realmente não é um tema simples ou que teremos uma resposta definitiva. Acredito que continuaremos tendo ” Brigas” e debates acalorados sobre esse tema.   É um tema apaixonante e as evidencias cientificas vão se somando no decorrer dos anos.