SOBRE MULHERES E NEUROCIRURGIA

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E mulher e neurocirurgia? Essa foi a pergunta unânime que recebi em todas as entrevistas de seleção de residência médica que fiz quando prestei prova. E a resposta também foi unânime em todos os concursos prestados: Sim, qual o problema?

 Sim, somos minoria absoluta. No serviço onde fiz residência éramos duas num total de 21 pessoas. Não tenho os dados nacionais nem os internacionais, mas quando vamos nos congressos e nos diversos serviços, nos deparamos com esta dura realidade.

Lógico, são poucas as mulheres que optam por esta especialidade. É necessário muita dedicação, força de vontade e principalmente energia para vencer esses 5 anos de residência e todo o restante da vida profissional compartilhada com família, filhos e vida pessoal. Na verdade muitas outras especialidades médicas e outras profissões apresentam predominância masculina, mas isso não quer dizer que as mulheres não têm capacidade para exercer este tipo de profissão.

Não somos o sexo frágil, como muitos já disseram, muito pelo contrário! Somos o sexo forte! Que cumpre tripla ou quádrupla jornada e nessa correria ainda encontra tempo para fazer as unhas e manter os estudos e a produção científica em dia.

Somos delicadas, cautelosas, pacientes, dedicadas, atenciosas e sensíveis. Pra que melhor qualidades para alguém que vai cuidar de uma estrutura tão perfeita e delicada como o cérebro humano? E mais ainda, para cuidar de pessoas com patologias tão enigmáticas e desafiadoras como as neurocirúrgicas?

Não quero fazer deste texto uma visão feminista da nossa profissão, mas quero tentar esclarecer as pessoas que esta não é uma especialidade exclusiva do gênero masculino.

Sempre achei graça quando chamo um paciente para uma consulta no ambulatório e ele pergunta “Ué, mas o doutor não vai vir me examinar?”. Minha resposta nesses casos é sempre com um sorriso no rosto e olhos nos olhos do paciente: sou eu o seu doutor! E sempre após essa resposta vem uma exclamação: Mas a senhora cuida de cabeça, doutora? Quanta coragem? E mais uma vez a resposta vem com um sorriso no rosto: Sim, querido(a), coragem, delicadeza e dedicação! Quer pessoa melhor pra cuidar de você? Vejo o sorriso de aprovação do outro lado e continuo a minha consulta feliz.

Cabe a nós acabar o preconceito existente (sim, ele existe) com o nosso charme, simpatia e elegância. Não queremos tomar nada de ninguém, apenas ocupar com dignidade o nosso espaço de trabalho, sem julgamentos prévios de que não somos capazes, ou não temos força ou não temos coragem, ou não aguentamos o tranco. Aguentamos sim! E muito mais!

Voltando a minha pergunta inicial: E mulher e neurocirurgia? É uma mistura fantástica que todos deveriam conhecer e aprender!

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Dra. Diana Santana

Neurocirurgiã

CRM 137888